Na denúncia que originou o desdobramento da Operação Sodoma, na última segunda-feira (25), o Ministério Público Estadual (MPE) apontou que o empresário Evandro Gustavo Pontes da Silva, dono da gráfica EGP da Silva ME, apresentou "versão inverídica" sobre um contrato de sua empresa com o Governo do Estado.
O empresário foi um dos conduzidos coercitivamente à Delegacia Fazendária para depor, durante a segunda fase da Operação Sodoma, deflagrada em março.
Agora, ele é um dos os 17 denunciados pelo MPE sob a acusação de integrar um suposto esquema de corrupção em que agentes públicos chefiados pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) exigiriam que empresários pagassem propina para manter contratos com o Governo do Estado.
De acordo com denúncia, a gráfica do empresário fechou contrato administrativo com o Governo, tendo como objeto a confecção de materiais publicitários para atender as demandas de serviços solicitados pelos órgãos do Estado.
No entanto, o referido contrato de R$ 2,8 milhões - do qual foi quitado R$ 1,2 milhão - teria o objetivo de levantar fundos para a campanha eleitoral de Walace Guimarães (PMDB) para a Prefeitura de Várzea Grande em 2012. À época, Walace era deputado estadual (leia mais AQUI). O acordo foi fechado com Silval e o ex-secretário de Estado de Administração, César Zílio.
Após Walace vencer as eleições de 2012, Evandro Gustavo assumiu a direção do Departamento de Água e Esgoto (DAE) do município. O empresário também foi citado na ação que cassou o registro de Walace pela prática de "caixa dois" na campanha.
“Versão inverídica”
À Defaz, o empresário Evandro Gustavo confirmou que entregou cheques a Zílio como pagamento de vantagem indevida. Todavia, ele disse que os serviços foram prestados pela empresa e que os cheques a título de propina teriam sido uma exigência do ex-secretário.
O empresário então se comprometeu a demonstrar a existência do crédito com o Governo, com a apresentação das ordens de serviços e demonstração da entrega dos produtos.
No entanto, o MPE afirmou que os documentos apresentados pelo empresário não comprovaram que a gráfica de Evandro Gustavo prestou os serviços ao Estado que fariam jus aos pagamentos. Logo, para o MPE, o empresário “apresentou situação fática inverídica" no depoimento.
“Ao analisar os dados registrados junto ao FIPLAN – Sistema Integrado de Planejamento Contabilidade e Finanças do Estado de Mato Grosso, em relação às duas empresas, confrontando com as publicações no DOE/MT, constata-se que corroboram o noticiado por César, desmascarando a inverídica versão sustentada por Evandro Gustavo Pontes da Silva, fls. 226 e 229”, disse a promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco, que assinou a denúncia.
Suposto esquema
O episódio veio à tona graças à delação premiada do ex-secretário César Zílio, preso na segunda fase da Sodoma, no dia 11 de março.
Segundo a denúncia, três cheques emitidos pela empresa de Evandro Silva foram usados por Zílio para pagar a aquisição de terrenos na Avenida Beira Rio, que são objetos de investigação. O ex-secretário e o ex-governador Silval Barbosa, conforme a delação, receberam R$ 1 milhão para ajudar no possível esquema que favoreceu Walace.
"Walace retornou ao gabinete de César informando que havia conversado com Silval Barbosa e obtido sua autorização e que havia ajustado que pagaria a Silval o mesmo valor ofertado a César, frisando a necessidade da manobra ser realizada o mais rápido possível", diz trecho da delação.
A Editora De Liz, do empresário Antônio Roni de Liz, também foi utilizada no possível esquema de favorecimento de Walace.
Ao todo, cinco gráficas teriam participado da negociata. As demais envolvidas, segundo o MPE, ainda estão sendo levantadas.
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