Cuiabá, Quarta-Feira, 9 de Julho de 2025
GRÁFICAS
26.04.2016 | 08h40 Tamanho do texto A- A+

MPE: Walace organizou esquema e pagou R$ 2 milhões a grupo

Dinheiro seria retribuição pela ajuda em levantar fundos de campanha com dinheiro público

Arquivo

O ex-prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães, denunciado por corrupção ativa

O ex-prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães, denunciado por corrupção ativa

DA REDAÇÃO

As investigações da Operação Sodoma revelaram que o ex-prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães (PMDB), teria repassado R$ 2 milhões em propina ao grupo do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).

 

O pagamento seria em retribuição a um esquema montado dentro da Secretaria de Estado de Administração (SAD) para levantar fundos visando à campanha pela Prefeitura de Várzea Grande em 2012. Na época, Walace era deputado estadual.

 

A importância foi entregue por intermédio de vários cheques, de emissão do grupo das gráficas vinculadas ao referido candidato [Walace]

A acusação consta na denúncia apresentada pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco.

 

O episódio só veio à tona graças à delação premiada do ex-secretário de Administração César Zílio, preso na segunda fase da Operação Sodoma, no dia 11 de março. Ele contou em depoimento à Delegacia Fazendária que, em 2012, foi procurado por Walace e pelos empresários Antônio Roni de Liz e Evandro Gustavo Pontes da Silva.

 

Segundo a denúncia, neste encontro Walace lhe ofereceu R$ 1 milhão para que auxiliasse a levantar fundos de campanha.

 

“Para tanto, solicitou providências para que o erário procedesse a pagamentos de serviços gráficos que não seriam prestados ou apenas parcialmente prestados, cujo valor seria destinado a sua campanha política”, consta na acusação do MPE.

 

Ainda segundo o depoimento de Zílio, o então deputado foi “categórico em estabelecer que o fornecimento seria forjado, com o propósito de levantar recursos para sua campanha e, ainda, que as providências deveriam ser adotadas o mais rápido possível”.

 

roni

O empresário Roni de Liz, que entregou propina no esquema, segundo o MPE

Zílio revelou ter ponderado que operações envolvendo tanto dinheiro não poderiam ser realizadas sem a autorização do ex-governador Silval Barbosa, citado na denúncia como “líder da organização criminosa”.

 

“Pode deixar que isso é um assunto que eu resolvo”, teria respondido Walace, assegurando, segundo o ex-secretário, que iria conversar com o então governador.

 

A suposta conversa com Silval ocorreu de maneira bastante célere, porque no mesmo dia Walace teria retornado ao gabinete de Zílio, informando já ter recebido autorização para levar o plano adiante.

 

Por ter permitido o esquema, Silval receberia outro R$ 1 milhão, totalizando R$ 2 milhões em propina.

 

Ainda conforme a acusação, Zílio revelou que os pagamentos pelos serviços fictícios deveriam ser feitos a “aproximadamente” cinco gráficas.

 

As investigações, no entanto, só conseguiram chegar a duas delas: Editora de Liz Ltda., de propriedade de Antônio Roni de Liz; e EGP da Silva ME, que pertence a Evandro Gustavo Pontes da Silva.

 

Ambos também foram denunciados por corrupção ativa. Na segunda fase da operação Sodoma, eles chegaram a ser conduzidos coercitivamente à Delegacia Fazendária.

 

Contratos

evandro

O empresário Evandro Gustavo Pontes Silval e o ex-prefeito Walace

Em relação à editora De Liz, o Governo formalizou um contrato administrativo com o objetivo de "confecção de materiais publicitários", no valor de R$ 2.146.564,30.

 

Com a EGP da Silva, o contrato com o mesmo objeto ficou em R$ 2.850.528,06. Nos dois casos, os serviços não foram prestados.

 

A denúncia relata ainda que, após o pagamento do contrato por parte do Governo, Antônio de Liz teria entregado R$ 2 milhões pessoalmente a Zílio, em seu gabinete.

 

“A importância foi entregue por intermédio de vários cheques, de emissão do grupo das gráficas vinculadas ao referido candidato [Walace]”, relatou a denúncia.

 

“Naquele mesmo dia em que recebeu a propina, César Zílio, como sempre procedia, repassou a Silval a parte que lhe cabia, ou seja: R$ 1.000.000,00, adotando o procedimento usual deixando o dinheiro no banheiro do gabinete do governador”, afirmou a promotora.

 

Leia mais sobre o assunto:

 

“Pessoas são presas com base em delações sem comprovação”

 

Denúncia diz que Rodrigo era a "extensão do poder" de Silval

  

MPE faz organograma de como funcionava a "organização"; veja

 

MPE denuncia Silval, Wallace, Nadaf e mais 14 por esquemas; veja

 

Preso, filho de Silval chega à Defaz para prestar depoimento

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
1 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

NALDSON  26.04.16 11h09
Tenho vergonha da classe política matogrossense, com raríssima excessão. Esse Prefeito e o Governador deixou um rombo nas finanças do Estado. Ainda bem que o Ministério Público e Promotora Ana Cristina têm compromisso com a cidadania.
10
0