DÉBORA SIQUEIRA
DA REDAÇÃO
A empresária Mônica Marchett Charafeddine vai a júri popular por homicídio qualificado e formação de quadrilha.
A decisão é da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que se reuniu na tarde de quarta-feira (25).
Ainda não há data definida para o Tribunal do Júri. A data deve ser marcada pelo juiz Wladymir Perri, da Comarca de Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá).
Mônica Marchetti é acusada de ter mandado matar os irmãos Brandão Araújo Filho, em 10 de agosto de 1999, e José Carlos Machado Araújo (Zezeca) em 28 de dezembro de 2000, em Rondonópolis, por causa de disputa de terra.
As famílias de Mônica e das vítimas travavam briga na Justiça por um imóvel rural.
Além dela, o pai da empresária, Sérgio Marchett, também foi denunciado pelo Ministério Público pelos dois assassinatos.
Ele estava incomodado com a demanda judicial e queria que os irmãos cedessem e firmasse acordo. Os Araújo não teriam aceitado e passaram a ser ameaçados.
Mônica entrou com recurso pedindo a reforma da decisão de pronúncia proferida em primeira instância, alegando não haver provas suficientes da sua participação nos crimes.
Contudo, o relator do recurso no TJ, desembargador Alberto Ferreira Souza, não aceitou o argumento da defesa e votou pelo indeferimento parcial do recurso.
O magistrado só acolheu o pedido de afastar a qualificadora que considerava como fútil a motivação do crime.
O assassinato tinha sido considerado triplamente qualificado, pois houve pagamento, motivo fútil e ocorreu de uma forma que impossibilitou qualquer chance de defesa à vítima.
“Temos que o conjunto probatório constante dos autos é suficiente para suscitar de que Mônica Marchett Charafeddine esteja envolvida na morte dos ofendidos, incumbindo ao Conselho de Sentença solucionar a controvérsia”, afirmou o desembargador, em seu voto.
Pistoleiros de Arcanjo Um dos indícios de que Mônica tenha encomendado o assassinato é a assinatura dela, encontrada na transferência de um automóvel de propriedade da família aos assassinos de aluguel, os ex-policiais militares Hércules Araújo Agostinho e Célio Alves. O carro teria sido entregue como pagamento pelo crime.
Outro indício é a confissão de Hércules ao Gaeco, garantindo que foi contratado pela empresária para fazer o serviço.
Mônica alega que a rubrica não é sua e garante que teria sido falsificada. Ocorre que a assinatura tem firma reconhecida e duas das três perícias oficiais apontaram a autenticidade da escrita.
Hérculos Agostinho e Célio Alves são ex-policiais militares e eram integrantes de um esquema de pistolagem comandado pelo então chefe do jogo do bicho e do crime organizado em Mato Grosso, "Comendador" João Arcanjo Ribeiro.