A eleição de 2014 marcou o fim da Era Campos na política. Pelo menos pelos próximos dois anos, os irmãos Júlio e Jaime se manterão afastados da vida pública.
O senador eleito pelo DEM em em 2006, Jaime Campos se revelou desgostoso com os acontecimentos que marcaram o processo de definição de sua candidatura à reeleição e, alegando traição, desistiu da disputa.
O deputado Júlio Campos, também do DEM, teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral, em julho deste ano.
Além disso, seu estado de saúde não era dos melhores, conforme revelou, em entrevista exclusiva ao
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Neste ano, Jaime era candidato natural à reeleição em seu grupo, liderado pelo então candidato a governador Pedro Taques (PDT). Porém, no início da campanha, dia 21 de julho, anunciou que desistia de concorrer.
"Não havia clima; não havia ambiente para uma campanha. O Jaime é experiente e percebeu que, se continuasse, a tendência era haver confrontos e intrigas, o que iria inviabilizar seu projeto", disse Júlio, na ocasião.
"Eu saio da vida política por livre e espontânea vontade, assim como Jaime [irmão e senador em último mandato]. Agora, outros políticos surgirão"
Um dia depois, Jaime divulgou seu posicionamento oficial, com uma carta à imprensa.
“Sempre fiz política valorizando os companheiros. Dentro desse arco de aliança, infelizmente, a recíproca não foi verdadeira. Integrantes de alguns partidos e determinadas lideranças não agiram de forma ética e não se comportaram como aliados”, disse.
O parlamentar nunca citou, nem semanas após a desistência, quem seriam as pessoas ou partidos em questão.
Algumas especulações indicaram que o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), poderia ser o “culpado”. Nada, no entanto, foi confirmado.
Semanas depois, Jaime afirmou não ter “mágoas” do episódio e apoiou, ao seu modo, seu substituto na disputa, o vice-prefeito de Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá), Rogério Salles (PSDB), que perdeu a eleição para o deputado federal .
Júlio Campos
Deputado federal, Júlio Campos afirmou, desde o início deste ano, que se aposentaria da vida pública.
Em julho, no entanto, Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) negou recurso do parlamentar e manteve cassado o seu seu mandato por suposta compra de votos e arrecadação ilícita de recursos de campanha – o Caixa 2 -, nas eleições de 2010.
Júlio Campos teve o mandato cassado pelo TRE em julho deste ano, por suposta compra de votos e arrecadação ilícita de recursos de campanha nas eleições de 2010.
Segundo denúncia do Ministério Público Eleitoral, o deputado teria comprado votos de eleitores no pleito de 2010, por meio de distribuição de vales compras e tickets de combustível.
Conforme a denúncia, a compra de votos era “orquestrada” pelo filho do parlamentar, o candidato a deputado estadual, Júlio Neto (DEM).
"A eleição foi muito difícil. Muito cara. Só elegeu quem gastou milhões de reais. Quem fez apenas com programas e plataformas, gastando o mínimo necessário, dentro da lei e da ordem, não se elegeu"
Ex-prefeito de Várzea Grande, ex-governador do Estado, ex-senador e em seu terceiro mandato como deputado, Júlio admitiu que cumpriu sua missão.
“Eu saio da vida pública por livre e espontânea vontade, assim como Jaime [irmão e senador em último mandato]. Agora, outros políticos surgirão. Faz parte do processo de renovação. Nós já tivemos no passado Ponce de Arruda, Fernando Corrêa da Costa, João Vilas Boas, Filinto Muller, Arnaldo Figueiredo, que comandaram Mato Grosso de 1940 a 1960”, disse.
Sem continuidade Júlio Campos também comentou a respeito da derrota do filho, Júlio Campos Neto (DEM), que concorreu à Assembleia Legislativa neste ano.
“Cada candidato é um candidato. A eleição foi muito difícil. Muito cara. Só elegeu quem gastou milhões de reais. Quem fez apenas com programas e plataformas, gastando o mínimo necessário, dentro da lei e da ordem, não se elegeu”, avaliou Júlio em novembro.
“Não foi só ele quem perdeu. O doutor [Francisco] Faiad, que era secretário de Estado de Administração perdeu, Jajá Neves, comunicador social perdeu, o vereador Adevair Cabral, Carlos Avalone, que já foi deputado estadual e secretário também perdeu. Então quer dizer, até que ele [Campos Neto] foi muito bem votado pelo pouquinho de dinheiro que gastou e pelo pouco tempo de campanha que teve”, disse.
A família CamposA saída da família Campos do poder em Mato Grosso encerra – mesmo que momentaneamente – 60 anos de contínuo poder.
Tudo começou com Luiz Coelho Campos, prefeito de Poxoréu, e Gonçalo Botelho de Campos, prefeito de Várzea Grande, ambos na década de 1940.
Em seguida, na década de 1950, Júlio Domingos Fiote de Campos continuou a história frente à prefeitura de V árzea Grande. “Seo” Fiote, como era conhecido, era pai de Júlio e Jaime.
Júlio Campos começa sua história, também à frente da prefeitura da Cidade Industrial, em 1974. Jaime, por sua vez, ocupou o mesmo cargo em 1983.
Outro ladoEm contato com a reportagem, o deputado Júlio Campos afirmou que recorreu da decisão que o cassou junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Comentários (4)
Dois grandes políticos de Mato Grosso, melhor que esses que estão aí. Fizeram muito por Mato Grosso e não podemos esquecer de Dante de Oliveira.
enviada por: Eduardo Data: 27/12/2014 11:11:30
Engana-se, quem acha que a era Campos acabou, se Jaime candidatar a prefeito de Várzea Grande, ninguém tira dele a Prefeitura, e tem o Julio Neto que será politico do futuro.
enviada por: Mauricio de Oliveira Data: 26/12/2014 14:02:30
Vai com Deus.
enviada por: Edna Data: 26/12/2014 14:02:10
Não concordo com a fala de Julio Campos de que somente se elegeu quem gastou milhões. Como exemplo, cito Dr. Leonardo de Cáceres, que gastou bem menos que Júlio Neto e se elegeu, com uma votação extraordinária. Na verdade a população não acreditou no filho de Júlio Campos. Muito blábláblá.
enviada por: Newton Data: 26/12/2014 13:01:00