Victor Ostetti/MidiaNews
Cadeiras de plástico usadas por passageiros da Rodoviária do Coxipó
O Ponto de Parada do Coxipó, conhecido como Rodoviária do Coxipó, está sob a vigilância do Ministério Público Estadual, que constatou a "precariedade das instalações" e abriu um inquérito civil. O órgão não descarta pedir a interdição da estrutura.
A rodoviária é administrada há cerca de 20 anos pela empresa RM Transportes e Turismo.
Desde 2015, a RM tem autorização para funcionar como terminal de parada. No entanto, atualmente não atende os requisitos de estrutura da Secretaria de Infraestrutura e Logística (Sinfra).
Mais de dez empresas de ônibus utilizam a Rodoviária do Coxipó, por ondem passam diariamente cerca de 200 pessoas, seguindo e voltando de cidades e estados ao Sul de Cuiabá. O terminal tem uma localização propícia para atender os bairros da região do Coxipó e além, como Parque Cuiabá, Tijucal, Pedra 90.
A reportagem esteve na rodoviária e constatou problemas estruturais, como a reduzida quantidade de cadeiras, que também são de plástico e propícias a quebrar mais facilmente, banheiros insuficientes, asfalto desnivelado e emendado com rachaduras e buracos. Além disso, há telhas sobrepostas entre a parte interna, onde as passagens são compradas, e a de espera, o que, dependendo do horário, obriga os passageiros a tomarem Sol nos assentos enquanto aguardam a viagem.
Victor Ostetti/MidiaNews
Ponto de Parada do Coxipó
Diego Santos utiliza o terminal semanalmente há mais de um ano em viagens a trabalho. Como ele mora perto da região do Coxipó, opta por usar a rodoviária, mas entende a necessidade de melhorias na estrutura.
“Está um pouco precária, né?", diz ele, reclamando dos assentos e do telhado, que não protege adequadamente os passageiros em dias de chuva. "A melhoria dessas questões traria mais comodidade para os passageiros”.
Já Jéssica Santos Florentino prefere não frequentar o terminal quando precisa viajar, mesmo que seja mais próximo da sua casa em relação à Rodoviária de Cuiabá, justamente por conta da estrutura.
“A gente precisa ficar aguardando no relento, principalmente à noite. Então para mim não compensa. Eu utilizo esta outra. Eu acho que compensa pagar a taxa de embarque na Rodoviária de Cuiabá. Acho certo, porque sem a taxa eles não vão ter uma estrutura boa para a gente”, declara.
O Ministério Público Estadual agendou uma audiência extrajudicial com representantes da empresa para o próximo dia 10 de fevereiro. A ideia é encontrar uma solução para o local que contemple "intervenções estruturais e a adoção de um plano de manutenção corretiva e preventiva eficaz para restaurar as condições de segurança, higiene e acessibilidade de suas instalações, assegurando que os serviços oferecidos aos consumidores sejam adequados".
A administração da Rodoviária não cobra a taxa dos usuários, que precisam pagar apenas pela passagem. Atualmente, o valor arrecadado pela empresa é do aluguel dos espaços ocupados pelo comércio, como as lanchonetes, e uma comissão de venda de passagens, que varia de 6% a 10%, paga pelas empresas.
“Para ter uma verba que possibilite conseguir grandes mudanças, a gente teria que vender em um volume muito alto, que atualmente não existe. Precisaríamos ter um faturamento muito grande para uma super-reforma”, afirma Maria Eduarda Correa, representante da administração da empresa.
“Todo o custo de obra, de manutenção, de mão de obra, de atendimento ao público são custos nossos. Não contamos com a ajuda de mais ninguém. E todo o serviço que a gente presta ao público é gratuito. É diferente de você embarcar lá na Rodoviária de Cuiabá, que tem uma taxa de embarque. Porque a taxa seria para manter a estrutura organizada, limpa, trazer melhorias para o público”, complementa.
Além disso, explica, há situações em que o cliente compra a passagem em outro local, como na própria Rodoviária de Cuiabá e em algumas empresas de ônibus, e paga a taxa, ainda que vá embarcar na Rodoviária do Coxipó. Mesmo nestes casos, a empresa não recebe a taxa, que é destinada à Rodoviária de Cuiabá.
Melhorias
Em relação às necessidades de melhorias, a representante concorda. Ela afirma que as últimas reformas ocorreram em 2021, na área da plataforma, mas que desde a vistoria realizada pelo MPE eles vêm melhorando aos poucos, além de terem criado um plano de obras, que devem iniciar este ano.
A administração afirma que está procurando soluções de acordo com o que o orçamento permite.
“A gente já teve uma grande limpeza nos banheiros, e estamos vendo uma forma de aumentar a quantidade, incluindo a acessibilidade, além da questão da estrutura geral, no conforto das pessoas e outras coisas mais superficiais também”, garante.
Maria Eduarda explica que a rodoviária tem um papel importante para muitas pessoas, que seriam prejudicadas caso houvesse o fechamento. “Aqui existe há muito tempo. Imagina fechar, sendo que dá para fazer alguma coisa, né? É um problema que a gente está tentando resolver”.
Diego Santos ainda salienta a necessidade do terminal para outros usuários como ele. “Fechar aqui dificultaria, porque a cidade está crescendo, e o pessoal daqui desta região do São Gonçalo, Santa Terezinha, Altos do Parque utiliza para não precisar ir para a Rodoviária de Cuiabá, porque aumenta o custo, o transtorno e o tempo que você fica fora de casa. Acho aqui essencial. Não pode fechar de jeito nenhum”, finaliza.
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