28.02.2012 | 17h:36

REFLEXO DE UMA TRAGÉDIA


Restaurante Adriano fecha as portas e está à venda

Família aciona Banco Itaú por danos; empresário foi morto com 3 tiros dentro de agência

MidiaNews/Reprodução

O empresário Adriano, executado dentro de um banco, e o restaurante que leva seu nome: fim das atividades

O tradicional Restaurante Adriano, especializado em culinária italiana, localizado na Avenida Getúlio Vargas, em Cuiabá, encerrou suas atividades. O motivo é a falta de recursos financeiros para administrar o estabelecimento, conforme revelou a empresária Stephania Maryssael de Campos, 32, em entrevista ao MidiaNews, nesta terça-feira (28).

Stephania é filha de Adriano Maryssael de Campos, morto com três tiros, aos 73 anos, pelo vigia Alexsandro Abílio de Farias, 28, no dia 22 de junho do ano passado. Adriano foi alvejado quando saía da agência do Banco Itaú, na Avenida Carmindo de Campos, região do Coxipó. Alexsandro fazia a segurança da agência e era contratado da empresa Brink´s Segurança.

A filha de Adriano não escondeu a tristeza pelo fato de ter tomado a decisão de fechar o restaurante, que, conforme lembrou, foi idealizado e mantido pelo seu pai por mais de 22 anos. Ela atribuiu a falência da empresa como mais um reflexo da tragédia que abalou toda a sua família, o assassinato de seu pai.

“Essa é mais uma pena a que fomos submetidos. Minha família, nossos funcionários e clientes, todos somos vítimas da insanidade daquele segurança. Ele não somente matou meu pai, como conseguiu prejudicar 20 famílias, as de nossos funcionários, que, agora, estão sem emprego. Nós estamos passando por uma crise muito grande, não temos como continuar com o restaurante”, disse a empresária.

Stephania explicou que, desde que assumiu a administração do estabelecimento, os problemas se avolumaram. Ela relatou que a empresa foi administrada exclusivamente pelo seu pai, que possuía uma maneira própria de conduzir o negócio, principalmente no trato com os fornecedores.

“Eu nunca tive experiência com restaurante, me formei em Psicologia e não conhecia a rotina de trabalho. Além do mais, não tínhamos crédito na praça e alguns fornecedores cortaram o abastecimento, depois que assumi. Meu pai tinha uma forma própria de negociar e eu não consegui manter o seu estilo de administração”, justificou.

Stephania acrescentou ainda que o sofrimento da família tem sido gradativo e que a solução encontrada para quitar as dívidas e pagar os direitos dos funcionários foi colocar o restaurante à venda. Outro fator que tem tirado a paz da família Maryssael, segundo ela, são as constantes cobranças por parte de fornecedores.

“Temos sofrido muito. Primeiro, com a morte de meu pai; depois, com o fechamento da filial do restaurante no shopping [Goiabeiras] e, agora, com o encerramento das atividades na loja da Getúlio Vargas, colocando-a à venda. Temos que fazer o acerto dos funcionários; alguns têm mais de 15 anos de casa, e não sabemos de onde tirar o dinheiro. Recebemos ligações o dia todo, de cobrança, uma após a outra. Não é fácil suportar toda essa pressão”, desabafou.

Ação contra o Itaú

Além de um processo na 12ª Vara Criminal da Capital, onde o Ministério Público Estadual denunciou o vigia Alexsandro Abílio, por homicídio qualificado pelo assassinato de Adriano, a família aguarda a decisão sobre uma ação civil contra o Banco Itaú.

A ação foi movida pelo advogado Flávio Bertin, que representa a família. Bertin disse ao MidiaNews que o banco deve ser responsabilizado por todos os danos, morais e materiais, que a família do empresário sofreu, após seu assassinato.

“O responsável pelo fechamento das portas do Restaurante Adriano é o Banco Itaú, que terceirizou um serviço de suma importância e contratou mão de obra desqualificada. Porque é claro que esse vigia não tinha preparo para portar uma arma. Tanto, que matou um idoso, que estava preso em uma porta giratória”, disse o advogado.

A questão levantada por Bertin é sobre as perdas materiais, que, segundo ele, serão arroladas no processo. “A família do Adriano foi penalizada de forma muito brusca, eles perderam praticamente tudo. A filha dele deixou a vida que tinha em Goiânia (GO) e veio cuidar do restaurante. Virou uma bagunça a vida deles... Há uma criança, neto do Adriano, que está nesse meio e sofrendo privações também. Além do mais, toda a sociedade cuiabana foi penalizada, porque perdeu um dos locais mais tradicionais da cidade”, completou Bertin.

Assassinato da agência

A morte do empresário Adriano chocou profundamente a sociedade cuiabana. Ele foi executado com três tiros, à queima-roupa. Assim que atirou contra o empresário, o segurança Alexsandro Abílio roubou uma moto e fugiu do local do crime.

Ele ficou escondido por cerca de uma semana e se apresentou, acompanhado de dois advogados, após ter passado o período de flagrante, usufruindo do benefício de responder em liberdade por possuir residência fixa, telefone e não haver existência de ações criminais em seu nome.

Alexsandro é considerado foragido da Justiça e já teve seu nome inserido na Rede Nacional de Integração de Informações de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização (Infoseg). 

O sistema tem por objetivo a integração das informações de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização, como dados relacionados a inquéritos, processos, armas de fogo, veículos, condutores, mandados de prisão, dentre outros, entre todas as Unidades da Federação e órgãos federais.

Dessa forma, caso Alexsandro seja parado em alguma blitz, ou tenha contato com a Polícia dos  25 Estados que usam o sistema, ele será apontado como foragido e preso.


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