O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) declarou, em sua delação premiada, que o deputado estadual Oscar Bezerra (PSB) cobrou propina de R$ 15 milhões para que o peemedebista não fosse indiciado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou irregularidades nas obras da Copa do Mundo de 2014.
Bezerra era o presidente da CPI que investigou as fraudes nas obras do Mundial.
O relatório da comissão foi entregue em outubro de 2016 e apontou que houve desvio de R$ 541 milhões dos cofres públicos estaduais.
De acordo com reportagem da TV Centro América, veiculada na noite desta quarta-feira (23), Silval Barbosa garantiu, em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), referente à colaboração premiada, que Oscar Bezerra utilizou um emissário para cobrar a propina, em troca de não responsabilizá-lo por fraudes nas obras.
O deputado Oscar Bezerra negou que tenha feito o pedido, e acusou Silval de oferecer dinheiro para ficar de fora da CPI (leia abaixo).
Conforme Silval, o responsável pela cobrança seria o ex-prefeito de Nobres (190 km ao Norte de Cuiabá), Devair Valim de Melo, que teria entrado em contato com o ex-governador em 2015. Melo teria informado sobre o pedido de R$ 15 milhões feito por Bezerra.
O ex-governador disse à PGR que Melo declarou que a cobrança feita pelo parlamentar seria para que a comissão sobre as obras da Copa do Mundo não andasse.
Depois de diversos encontros, o ex-prefeito de Nobres teria diminuído o valor inicial para R$ 10 milhões. Segundo Silval, Melo dizia que todas as orientações eram de Oscar Bezerra.
Posteriormente, o ex-governador disse que chegou a se encontrar com o parlamentar estadual em um pátio de um supermercado. Na data, o peemedebista contou que Bezerra insistiu no pagamento da propina para inocentá-lo na CPI.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Oscar Bezerra foi citado em delação de Silval por suposta cobrança de propina; parlamentar nega
No mesmo encontro, Bezerra teria passado dados de uma conta corrente pertencente a uma factoring.
O ex-governador afirmou à PGR que chegou a depositar R$ 200 mil na conta indicada pelo parlamentar. Porém, ele não deu continuidade aos pagamentos, pois foi preso semanas depois.
Conforme Silval, um outro deputado estadual, que também foi membro da CPI da Copa, chegou a procurar o filho dele, o médico Rodrigo Barbosa, para resolver a questão do repasse de propina à CPI. O nome não foi revelado,
Nas declarações à Procuradoria-Geral da República, Silval disse que tem documentos que comprovam o pagamento das propinas.
As provas já teriam sido entregues à PGR, que está apurando as denúncias.
CPI da Copa do Mundo
Iniciada em 2015, um ano após o Mundial, a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as obras da Copa do Mundo pediu o indiciamento de 96 agentes públicos, de dirigentes de 16 empresas e de 7 consorcios.
Além deles, também foram alvos de pedidos de indiciamento dois ex-secretários da Secopa - Eder Moraes e Maurício Guimarães -, o ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Geraldo Riva, e o próprio ex-governador Silval Barbosa.
Conforme as apurações, todos os indiciados teriam envolvimento nas fraudes praticadas nas obras. O relatório foi encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPE).
Outro lado
O deputado Oscar Bezerra afirmou ao MidiaNews que ainda não conhece o teor da denúncia do ex-governador Silval Barbosa.
Porém, ele garantiu que não cobrou propina do peemedebista, e disse que a situação é oposta ao que foi afirmado pelo ex-chefe do Executivo estadual.
“Muito pelo contrário, o cidadão [Silval] ofereceu dinheiro para tirar o nome dele. É diferente. Não só ele, como empresa também ofereceu. Eles ofereceram propina para que os nomes deles fossem retirados da CPI. Mas não teve isso. Tanto não teve que está aí, tudo que a Polícia Federal detectou está na CPI”, argumentou.
O parlamentar também negou que tenha recebido R$ 200 mil do ex-governador e cobrou que o peemedebista apresente provas da afirmação.
“Ele tem que apresentar esse depósito. Cadê? É conversa fiada”, completou.
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3 Comentário(s).
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Thiago 24.08.17 10h03 |
Thiago, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |
José 24.08.17 08h58 | ||||
Pelo que um funcionário da AL me contou como as coisas sempre foram por lá, eu acredito embora condeno o cidadão em questão em: gênero, número e grau. De há muito estou vacinado contra esse pessoal, não me causa nenhuma estranheza. | ||||
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josé antõncio 24.08.17 08h34 |
josé antõncio, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |