O ex-presidente da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), João Justino, repassou R$ 3,9 milhões em propina da construtora Ampla ao ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf, em 2014.
A informação foi dada por Nadaf à Procuradoria Geral da República (PGR), em um dos seus depoimentos contidos na delação premiada homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF). O depoimento foi obtido pelo MidiaNews.
Na oitiva, Nadaf contou que a Metamat fez uma licitação que teve como vencedora uma empresa indicada por João Justino, a Ampla, “vindo a empresa a ser contratada efetivamente pelo Governo”.
O ex-secretário afirmou que, em troca de vencer a licitação, a empresa pagava propinas a João Justino. Nadaf disse que o nome da empresa é Ampla Engenharia.
Porém, conforme o site verificou junto ao Portal Transparência, a empresa contratada se chama Ampla Construções e Empreendimentos Ltda ME. Esta empresa recebeu R$ 6,7 milhões da Metamat em 2014.
MidiaNews
O ex-secretário Pedro Nadaf: "Desse montante de R$ 3,9 milhões, eu entreguei o valor de R$ 3,1 milhões ao ex-governador Silval Barbosa, mediante cheques e também dinheiro".
“Eu participei do recebimento de propinas referente a esse processo licitatório e contratos derivados em três ocasiões; essas três ocasiões ocorreram no ano de 2014, sendo que João Justino entregou pessoalmente para mim, em meu gabinete na Casa Civil, a quantia aproximada de R$ 3,9 milhões, em sua grande parte em cheques, mas também recebi um pouco em dinheiro”, disse Nadaf.
De acordo com o ex-chefe da Casa Civil, a construtora repassava propina no montante de 50% do valor do contrato com o Governo.
“Desse montante de R$ 3,9 milhões, eu entreguei o valor de R$ 3,1 milhões ao ex-governador Silval Barbosa, mediante cheques e também dinheiro”.
Outros R$ 200 mil da propina, segundo a delação, foram entregues por Nadaf ao ex-secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves, “pois ele me auxiliou nesse esquema, ao prever orçamento do Estado para o pagamento da empresa, pagamento este realizado somente mediante cheques”.
“O restante da propina ficou em meu poder, no valor de R$ 600 mil. Eu utilizei propina de R$ 500 mil para pagar uma dívida de Silval Barbosa, contudo não me recordo qual era a dívida”.
Além dessas propinas, Nadaf disse que recebeu de João Justino, em 2012/2013, outros R$ 500 mil de cheques de uma pessoa jurídica – possivelmente da construtora Ampla – “em fraude também idêntica, valor esse que ficou em sua totalidade em minha posse”.
“Assim, na soma dessas duas situações, coube a mim como quota parte o valor de R$ 600 mil. Eu nunca tratei diretamente com o empresário proprietário da empresa Ampla Engenharia, somente sei dizer que foi essa a empresa vencedora da licitação em razão das informações repassadas por João Justino”, contou.
João Justino é réu e delator da Operação Sodoma, que também envolve esquemas na gestão de Silval.
Outro lado
O ex-presidente da Metamat, João Justino, afirmou por telefone que tratou desse assunto em sua delação ao Ministério Público Estadual (MPE).
Todavia, ele disse que não poderia dar nenhum detalhe sobre o caso, sob risco de quebrar os termos do acordo de colaboração.
Veja fac-símile de trecho do depoimento:
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