A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta terça-feira (18), a segunda fase da Operação Sangria II, que visa cumprir oito mandados de prisão preventiva contra suspeitos de integrarem uma organização criminosa que teria montado um esquema para monopolizar a saúde no Estado de Mato Grosso, por meio de serviços médicos hospitalares.
Os alvos da segunda fase, entre eles três médicos, um gerente de licitação, um coordenador financeiro, parente e funcionários das empresas prestadoras de serviços médicos hospitalares, são investigados em crimes de obstrução à Justiça praticada por organização criminosa e coação no curso do processo.
Até o momento, cinco pessoas foram presas. Além disso, quatro mandados de busca e apreensão também são cumpridos, sendo um deles dentro do Hospital São Benedito e na Secretaria de Saúde de Cuiabá.
A operação é oriunda de investigação da Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), desdobramento do cumprimento de onze mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá, ocorridos no dia 4 de dezembro.
São apuradas irregularidades em licitações e contratos firmados com as empresas Proclin (Sociedade Mato-Grossense de Assistência Médica em Medicina Interna), Qualycare (Serviços de Saúde e Atendimento Domiciliar Ltda) e a Prox Participações, firmados com o município de Cuiabá e o Estado.
No dia 14 de dezembro, um segundo inquérito policial (196/2018) foi instaurado, após a Polícia Civil detectar que os investigados estão obstruindo o trabalho da Justiça.
“Destruindo, ocultando, coagindo testemunhas, usando de força política para atrapalhar o levantamento de informações e ainda fazendo pagamentos pendentes com o fim de arredondar documentos para encobrir as fraudes”, disse a delegada titular da Defaz, Maria Alice Barros Martins Amorim.
O delegado Lindomar Aparecido Tofoli, explicou que no transcorrer das investigações do inquérito principal (119/2018), ficou constatado que "o grupo criminoso teria destruído provas e apagado arquivos de computadores para dificultar as investigações, além de ameaças feitas a testemunhas".
“O que chama a atenção é que atos totalmente reprováveis estão sendo cometidos por alguns membros da organização criminosa no intuito de ocultar, destruir provas, limpando gavetas, coagindo testemunhas, usando da influência política e econômica para interferir diretamente no cumprimento de contratos provenientes de processos licitatórios”, disse o delegado.
Alair Ribeiro/MidiaNews
O ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Huark Correia, um dos suspeitos
Acusações
A investigação da operação Sangria apura fraudes em licitação, organização criminosa e corrupção ativa e passiva, referente a condutas criminosas praticadas por médicos/administrador de empresa, funcionários públicos e outros, tendo como objeto lesão ao erário público, vinculados a Secretaria de Estado de Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde, através de contratos celebrados com as empresas usadas pela organização, em especial, a Proclin e a Qualycare.
Segundo a apuração, a organização mantém influência dentro da administração pública, no sentido de desclassificar concorrentes, para que ao final apenas empresas pertencente a eles (Proclin/Qualycare) possam atuar livremente no mercado, “fazendo o que bem entender, sem serem incomodados, em total prejuízo a população mais carente que depende da saúde pública para sobreviver”.
A investigação demonstra que a organização, chefiada por médicos, estão deteriorando a saúde pública de Cuiabá e do Estado de Mato Grosso.
Levantamento feito pela Central de Regulação de Cuiabá, em 2017, aponta que 1.046 pessoas aguardavam por uma cirurgia cardíaca de urgência e outras 390 por um procedimento cardíaco eletivo.
“Pedimos apoio da população para transformar essa calamidade que a saúde pública de Mato Grosso. Aquelas pessoas que foram prejudicadas, tiveram parentes que morreram por falta de atendimento nos hospitais, que denunciem para que possam ser punidas com rigor essas pessoas que desprezam o valor da vida humana”, orientou o delegado.
Nome da operação
O nome da operação “Sangria” é alusivo a uma modalidade de tratamento médico que estabelece a retirada de sangue do paciente como tratamento de doenças, que pode ser de diversas maneiras, incluindo o corte de extremidades, o uso de sanguessugas ou a flebotomia.
Nota da Prefeitura de Cuiabá:
A respeito da 'Operação Sangria', deflagrada pela Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), nesta terça-feira (18) na Secretaria de Saúde e no Hospital São Benedito, o prefeito Emanuel Pinheiro determinou ao secretário Luiz Antônio Possas de Carvalho, que colabore com as investigações e coloque à disposição todos documentos e informações solicitadas.
“Esperamos que sejam esclarecidos os fatos e que possamos continuar no rumo certo para melhorar a saúde pública da Capital”, reforça Pinheiro.
O secretário de Saúde interino e procurador-geral do Município informou que a operação se trata de denúncias de supostas irregularidades de empresas prestadoras de serviços, ocorridas desde gestões passadas, mas que está acompanhando todos os trabalhos e está à disposição das autoridade
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1 Comentário(s).
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Doralice 18.12.18 10h10 | ||||
O Delegado muito bem colocou a palavra "calamidade" no seu argumento. Esse é o retrato da saúde pública em MT. Em Cuiabá é um pouquinho melhor. Não estou falando das pessoas que possuem dinheiro. | ||||
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