O deputado estadual Mauro Savi (PSB) contratou o advogado e ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, para fazer sua defesa na investigação relativa à Operação Bereré, que apura esquema de desvio, fraude, propina e lavagem de dinheiro no Detran-MT.
A procuração em que o político autoriza o advogado – também citado na investigação - a representá-lo foi assinada no dia 19 de fevereiro, mesma data em que a operação foi deflagrada.
Mauro Savi é suspeito de integrar o núcleo principal do esquema e ser um dos principais beneficiários do desvio de R$ 27,7 milhões da autarquia, de 2009 a 2015.
Segundo as investigações, parte dos valores repassados pelas financeiras à EIG Mercados por conta do contrato com o Detran-MT retornava como propina a políticos, dinheiro esse que era “lavado” pela Santos Treinamento – parceira da EIG no contrato - e por servidores da Assembleia, parentes e amigos dos investigados.
Já Paulo Taques foi citado no depoimento do ex-deputado José Riva, réu confesso de diversos esquemas.
Riva afirmou que o então chefe da Casa Civil da atual gestão era beneficiário da propina, junto com Savi, o ex-deputado federal Pedro Henry e o deputado Eduardo Botelho.
Alair Ribeiro/MidiaNews
O deputado Mauro Savi, alvo da operação
A menção ao advogado também foi feita pelos sócios da Santos Treinamento, empresa que seria a responsável pela lavagem da propina: Roque Reinheimer e Marcelo da Costa e Silva .
Ambos afirmaram que Paulo Taques foi contratado pela EIG Mercados um dia após Pedro Taques (PSDB), primo de Paulo, ter sido eleito governador.
Pedido de acesso
O primeiro ato de Paulo Taques enquanto advogado de Mauro Savi foi requerer acesso integral às investigações da operação.
Em petição assinada conjuntamente com o advogado João Bosco Junior, a defesa de Savi pediu cópias da investigação, uma vez que o sigilo do deputado foi quebrado pelo Tribunal de Justiça.
O requerimento foi feito aos delegados Márcio Vera e Alexandra Fachone, da Delegacia Fazendária (Defaz).
“Em virtude da quebra de sigilo deferida e, também com arrimo na Súmula Vinculante 14 do STF e o Estatuto da OAB, requerer – caso exista e não haja oposição – cópia dos depoimentos e interrogatórios já colhidos e demais documentos juntados ao caderno investigado conduzido por Vossas Senhorias”, diz trecho do pedido.
A operação
A operação Bereré foi desencadeada em fevereiro com o cumprimento de mandados de busca e apreensão na Assembleia Legislativa, em imóveis e escritórios, além da sede da empresa em Brasília.
São alvos da operação o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), o deputado estadual Mauro Savi (PSB), o ex-deputado federal Pedro Henry, servidores públicos, empresas e particulares.
A operação é desdobramento da delação premiada do ex-presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes, o "Dóia". Ele revelou esquemas de corrupção na autarquia, iniciados em 2009, e que renderia, ao menos, R$ 1 milhão por mês.
As empresas FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação Ltda (que agora usa o nome de EIG Mercados Ltda.) e a Santos Treinamento Ltda teriam sido usadas para lavar dinheiro no esquema.
A EIG Mercados venceu uma licitação, em 2009, para prestar serviços de registro de financiamentos de contratos de veículos, por um período de vinte anos.
Até julho de 2015, a empresa ficava com 90% da arrecadação anual - estimada em R$ 25 milhões - e o órgão com 10%. Em julho de 2015, já na gestão Pedro Taques (PSDB), o Detran fez um termo aditivo ao contrato, passando a receber 50% da arrecadação.
Conforme as investigações, parte dos valores milionários pagos pelo Detran à FDL eram repassados para a empresa Santos Treinamento, que seria de fachada e atuaria apenas para “lavar” e distribuir a propina aos políticos. Dezenas de servidores e parentes de servidores do Poder Legislativo também teriam sido usados para lavar o dinheiro arrecadado por meio do esquema criminoso.
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